O Natal pode ser uma ocasião para sentirmo-nos em casa, onde quer que estejamos.
“Vou passar o Natal em casa” é expressão que não deveria condoer-nos o coração, caso não possamos passar o Natal com aqueles a quem amamos.
No seu significado mais profundo, estar em casa, em qualquer época do ano, significa muito mais do que residir num lugar especial na terra: é estar felizes no íntimo, com nossos pensamentos e atividades, e essa felicidade provém de permanecermos em Deus, no Amor divino.
Em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras a Sra. Eddy nos oferece uma ideia profundamente metafísica com que ponderar o tema de permanecer-se em Deus. Escreve: “Os sentidos do Espírito permanecem no Amor e demonstram a Verdade e a Vida”.
E que fácil é permitir, caso estejamos longe de casa ou separados da família, principalmente na época do Natal que nosso pensamento repouse naquilo que os sentidos físicos nos querem dizer – que estamos sozinhos, solitários, que ninguém nos aprecia.
Contudo, quando damos as costas àquilo que percebemos pelos sentidos, pelos olhos e ouvidos, e julgamos pelos “sentidos do Espírito”, isto é, pelo nosso verdadeiro sentido espiritual, descobrimos que permanecemos no Amor.
O sentido espiritual é o exato oposto dos assim chamados sentidos físicos.
O sentido espiritual é a capacidade outorgada por Deus, que todos nós temos, de discernir a eterna presença de Deus e Seu eterno cuidado para com cada um de nós.
A Ciência Cristã revela que temos sentido espiritual porque somos, cada um de nós, na realidade, criados por Deus. E como Deus é Espírito, nossa verdadeira identidade de homem – a semelhança de Deus – é espiritual, não material.
Os únicos sentidos que realmente podemos ter, têm de provir de Deus, e são bons, revelando a nós a presença da Verdade, da Vida e do Amor.
Talvez até digamos que o sentido espiritual é nossa “hereditariedade” e nossa herança.
De acordo com a Bíblia, Paulo disse: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus”. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo”.
Jamais podemos realmente estar separados do sentido espiritual, ou seja, da consciência da Verdade e do Amor divinos, pois o homem é inseparável de Deus.
Cabe a nós, no entanto, utilizar as faculdades espirituais a fim de perceber o que realmente está acontecendo.
Mas, como se utiliza o sentido espiritual? E o que é que realmente está acontecendo? O que é que realmente está se passando, no preciso momento em que nos possa parecer que a vida é tão triste?
Valemo-nos do sentido espiritual quando nos recusamos a acreditar que a solidão faça parte real de nossa vida, e permitimos que Deus nos fale de Sua constante bondade, de Sua onipresença e onipotência.
O que realmente está acontecendo durante o tempo todo é que o Amor infinito está em contínuo desenvolvimento no homem, em nossa própria consciência, as ideias ilimitadas de beleza, amor, alegria, inteligência, bondade, ideias que satisfazem e nos trazem o espírito do Natal, onde quer que estejamos.
Em Ciência e Saúde a Sra. Eddy escreve: “O lar é o lugar mais querido da terra, e deveria ser o centro, mas não o limite, dos afetos”.
O Amor não pode limitar-se a um lugar, por mais querido que esse lugar nos pareça.
O Amor, sendo Deus, está em toda parte, e onde quer que estejamos, porque Deus e o homem são um, como Princípio e ideia.
Se tomarmos nosso próprio amor ao bem e o utilizarmos expressando e apreciando o Amor divino ali mesmo onde nos encontramos, sentiremos o Amor em todas as situações.
Talvez se faça evidência do amor de Deus fornecida por outra pessoa, a qual esteja respondendo à orientação divina. Ou, talvez, surja de nossa própria convicção, profundamente satisfeita e sincera, de que realmente Deus nos ama.
Seja como for que reconheçamos a presença divina, teremos o sentido espiritual palpável de que permanecemos no Amor, e isso realmente constitui o Natal.
É interessante que Cristo Jesus, cuja própria vida nos proporcionou o Natal, demonstrou o verdadeiro lar no mais amplo dos sentidos.
A Bíblia nos fala de um homem que se chegou a Jesus e disse: “Seguir-te-ei para onde quer que fores.”
Com que cuidado Jesus analisou o compromisso daquele homem para com o Cristo, a Verdade.
Jesus lhe respondeu: “As raposas têm seus covis e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça”.
Ás vezes uma exigência espiritual que se nos apresenta (enquanto nos esforçamos por seguir a senda da espiritualidade, do pensamento inclinado às coisas espirituais), talvez requeira de nós a disposição de ampliar nosso conceito daquele lugar querido e cômodo a que chamamos lar. Com escutar e obedecer ao chamado do Cristo, talvez nos vejamos conduzidos a lugares e situações desconhecidos.
Aprender a permanecer no Amor divino faz parte da oportunidade que acompanha essa mudança, a qual nos proporciona o privilégio de aprender que o homem está sempre sob o cuidado de Deus, que o homem habita na infinidade do Amor divino, onde o companheirismo eterno do Amor fornece toda paz e alegria. E descobrimos que nunca nos privamos de nosso verdadeiro lar, nunca nos vemos separados nem isolados do Amor que a tudo envolve.
Quando encaramos o Natal sob uma perspectiva eterna, quando entendemos que a ideia mesma do Natal assinala a existência completa do homem em Deus, desaparecem os sentimentos de sermos estranhos. De estarmos limitados, solitários.
Concluímos que o Espírito infinito ultrapassa distâncias, anos, relógios e calendários.
O homem está sempre em casa no que é o seu lar, ao permanecer no Espírito, e esse lar é o próprio Amor infinito. É nele que encontramos o verdadeiro espírito do Natal.
BARBARA JEAN-STINSON
(De O Arauto da Ciência Cristã – Dez. 1986
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