A carreira de três anos como mestre, que Cristo Jesus exerceu e que está registrada nos evangelhos, é rica de exemplos práticos sobre como aplicar a lei espiritual do ser à condição humana. Podemos aprender muito sobre como curar a doença e o pecado, se examinarmos a relação entre as obras e as palavras de Jesus.
Um tópico no qual tal estudo oferece perspectivas úteis para o discipulado cristão é a preparação do pensamento, necessária para que a oração seja eficaz.
Antes de ensinar a seus discípulos aquela que veio a ser conhecida como a Oração do Senhor, Jesus disse: “Tu, …quando orares, entra no teu quarto, e, fechada a porta, orarás a teu Pai que está em secreto, e teu Pai que vê em secreto, te recompensará”. Comentando esse versículo, a Sra. Eddy escreve no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde: “O quarto simboliza o santuário do Espírito, cuja porta se fecha ao sentido pecaminoso, mas deixa entrar a Verdade, a Vida e o Amor…Para entrar no coração da prece, é preciso que a porta dos sentidos errôneos esteja fechada. Os lábios têm de estar mudos e o materialismo calado, para que o homem possa ter audiência com o Espírito, o Princípio divino, o Amor, que destrói todo o erro”.
Esse prelúdio para a oração, ou seja, silenciar as perturbações no meio ambiente mental e eliminar da consciência quaisquer influências que possam prejudicar ou interferir na receptividade à mensagem de Deus, é encontrado, com frequência, nas obras de cura do próprio Jesus.
Por exemplo, quando a filha de Jairo havia aparentemente morrido, Jesus não entrou correndo e ressuscitou a menina. Em primeiro lugar, ele mandou sair seus detratores, desanuviou a atmosfera, eliminando as interferências, e então restabeleceu a menina à vida.
De igual modo, quando trouxeram a Jesus uma mulher adúltera para ser julgada, ele primeiramente silenciou os acusadores, antes de falar com a mulher de forma compassiva e ordenar-lhe: “Vai, e não peques mais”.
Quando um homem paralítico lhe foi trazido para ser curado, Jesus, antes de tudo, enfrentou as objeções que percebeu estarem no pensamento dos escribas e fariseus, que estavam observando. Somente depois disso ordenou ao homem que se levantasse, tomasse seu leito e fosse para casa. Da mesma forma, ele repreendeu e destruiu objeções semelhantes, antes de curar a mão ressequida de um homem.
Certa vez, quando trouxeram a Jesus um homem cego, para que fosse curado, ele tomou “o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia” antes de restabelecer-lhe a visão. Mesmo assim, o que estivera cego pôde ver os homens apenas “como árvores…, andando”. Jesus, pois, teve de dar atenção ao problema uma segunda vez, antes da cura completar-se. Aí, como para dar maior ênfase à necessidade de independência do meio ambiente mental opressivo, ele instruiu o homem a não voltar para a aldeia nem contar a outros, ali, acerca da cura.
A partir desses casos, não poderíamos porventura concluir que, no trabalho de cura de Jesus, o grau de resistência no meio ambiente mental circunstante era um fator mais importante do que o fato de determinada condição física parecer mais grave que outra? Uma vez que a porta do pensamento havia sido fechada para toda “perturbação”, quer fosse proveniente dos que observavam o caso, quer viesse do pensamento generalizado e dominante numa determinada localidade, o paciente estava livre para atender à ordem de levantar-se e andar ou de estender a mão.
Se desejamos curar seguindo o exemplo de Jesus, é claro que não podemos ignorar as influências do meio ambiente mental e tratar do caso como se este existisse num vácuo.
Qualquer oposição que tente infringir o direito do paciente de corresponder à atividade curativa do Cristo precisa ser enfrentada diretamente e neutralizada.
Continua-
Marceil DeLacy .
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