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domingo, 2 de janeiro de 2022

A LEI DO SUPRIMENTO E A LENDA DA ESCASSEZ

 





Para compreender a lei do suprimento, ou provisão, temos de captar o significado mais profundo tanto de “lei” como de “suprimento”. 

A lei verdadeira é imutável, inflexível, eterna. Não pode ser manipulada nem contornada por meio de subterfúgios; não é afetada por tempo, mudança de padrões de comportamento ou de costumes, nem por pressões ou caprichos humanos. Está baseada no Princípio infalível, e o Princípio é Deus. Por isso, a lei é sustentada e apoiada por Deus, é inteiramente espiritual e está completa. A lei, por emanar de Deus, cuja natureza é o bem, para ser lei, tem de ser boa.

Por outro lado, a lei humana é feita pelos homens, não por Deus. 

Quando a lei humana se baseia na lei imutável de Deus, exposta nos Dez Mandamentos, e naquilo que Cristo Jesus ensinou, torna-se uma influência para o bem. Mas, quando se baseia em opiniões humanas, está sujeita aos abusos e às limitações mortais. Pode ficar obsoleta com o passar do tempo ou com as circunstâncias materiais alteradas: está sujeita à interpretação humana, e esta pode errar.

A lei baseada em opiniões pode vir a ser algo diretamente oposto à lei de Deus. Exemplo disso é a assim chamada lei material, que afirma ter o homem de adoecer e morrer. 

Em Ciência e Saúde, a Sra. Eddy expõe a mentira da lei material ao referir-se às obras de cura de Cristo Jesus. Escreve: “Ele fazia a vontade do Pai. Curava a doença em desafio ao que se chama lei material, porém de acordo com a lei de Deus, a lei da Mente.”

Ora, o suprimento, tal como a lei, emana de Deus, embora os sentidos materiais argumentem em contrário. 

Se você duvidar disso, considere por alguns momentos as ocasiões descritas na Bíblia em que o suprimento –de alimento, água, dinheiro, ou de alguma outra coisa – se manifestou, embora nenhum recurso material estivesse evidente. 

Para os israelitas sob a chefia de Moisés, o maná apareceu sobre o solo qual escamas de geada, a água brotou de um rochedo e codornizes, vindas durante a noite, os abasteceram de carne. 

Cristo Jesus também alimentou milhares de pessoas, usando apenas os meios espirituais. 

Em outra ocasião, ordenou a Pedro que buscasse, na boca de um peixe, o dinheiro necessário para o imposto. 

As obras de Jesus mostram claramente que a fonte do suprimento do homem é ilimitada e que esta lei pode satisfazer – e satisfaz –às necessidades diárias.

Mesmo no sentido humano, a palavra suprimento é derivada do latim supplere, que significa “encher”. 

No entanto, o uso comum limitou de tal modo esta palavra, que hoje existe a expressão “suprimento reduzido”, o que é, realmente, uma contradição de termos! 

O verdadeiro sentido de suprimento está ilustrado maravilhosamente no quarto capítulo de 2 Reis, onde lemos que Eliseu ajudou uma mulher viúva, cujos filhos iam ser levados como escravos em pagamento das dívidas da família. Ele a alentou: “Dize-me que é o que tens em casa.” Respondeu-lhe ela: “Tua serva não tem nada em casa, senão uma botija de azeite.” Isso mostrou que acreditava ter sua receita, seu sustento, origem material. 

Eliseu revelou-lhe que, se ela tivesse fé, a própria botija de azeite, que ela achara pouca, podia suprir às suas necessidades. A escassez não estava em sua casa, mas em sua consciência. Sua disposição de seguir as instruções do profeta, e ir pedir aos vizinhos muitas vasilhas emprestadas, mostra que a mulher começava a enxergar algo para além do testemunho do sentido material que a cercava. Essa fé ampliada na bondade de Deus, apoiada pela visão espiritual do profeta, fê-la encher todas as vasilhas com o azeite de uma só botija.

No entanto, perguntaria alguém, como se demonstrará essa lei de abundância espiritual hoje em dia? Há tantas circunstâncias mais complicadas.

Uma Cientista Cristã, que vivia num país considerado do terceiro mundo, foi alertada para esse relato bíblico por uma praticista da Ciência Cristã a quem pedira ajuda. Tal como a viúva, aquela mulher passava necessidades. Havia sido proprietária de um bom negócio, mas como muitas outras pessoas da ilha, perdera sua fonte de renda devido à instabilidade política local. E, o que parecia desafio ainda maior, havia solicitado admissão a um Curso Primário de Ciência Cristã e a hora de embarcar se aproximava; porém os recursos não apareciam. 

Em seu trabalho com a praticista, foi levada a compreender que, em grande parte, sua receita baseava-se nos pensamentos que ela admitia na consciência. 

As condições que pareciam causar a privação, tais como a falta de turistas, ser seu país classificado como do terceiro mundo, a instabilidade política, eram materiais. Não sendo espirituais, não vinham de Deus, a Mente ÚNICA. Assim, não podiam invadir sua experiência, se ela não o permitisse. Eram crenças limitadoras; ao passo que, de sua parte, ela necessitava expandir o pensamento à ilimitada bondade de Deus.

Como resultado desse trabalho em oração, duas coisas aconteceram: seu estudo de Ciência Cristã tornou-se uma atividade alegre, em vez de forçada; e o medo, em vez de aumentar com o passar do tempo, predominou cada vez menos em seu pensamento. Mas a evidência material ainda não mudara.

Finalmente, certa manhã, ao relembrar o relato bíblico a respeito da viúva, indagou-se em voz alta: “O que é que eu tenho em minha casa?” 

E, graças à sua crescente compreensão de suprimento, deu-se conta de possuir duas máquinas de costura em desuso e alguns móveis encostados, fora de uso, que poderia vender. Veio a pergunta: Mas quem tem condições de comprar? Imediatamente rejeitou esse pensamento negativo e olhou pela janela. 

Do outro lado da rua, havia algumas pessoas trabalhando num edifício público. Chamou uma delas. Por intermédio dessa pessoa e de seus amigos, a Cientista Cristã pôde vender em menos de um mês, alguns dos objetos, o suficiente para fazer a viagem. E não só isso. As coisas de que não precisava mais serviram muito bem às pessoas que as compraram por preço acessível. Foi mesmo uma lição de abundância do bem para todos.

Assim, pois, a verdadeira lei do suprimento, a lei divina do suprimento, nunca é insuficiente, não está em desequilíbrio nem é parcial. Nem está baseada em reservas materiais, pois está integralmente amparada por Deus, a Mente. O homem põe-se sob essa lei do suprimento, porque o homem é a manifestação ou expressão de Deus. 

Cristo Jesus afirmou-o assim: “Tudo quanto o Pai tem é meu.” 

A bondade de Deus destina-se ao homem, porque é um extravasar do amor de Deus pelo homem. 

Por isso, como manifestação de Deus, o homem expressa abundância, assim como expressa misericórdia, amor, alegria. Não há carência em Deus, por isso não pode haver carência em Sua ideia, o homem.

Então, que nos impede de ver essa lei de suprimento operando mais eqüitativamente em nossa vida e no mundo de hoje? É a crença universal em escassez—evidenciada em escassez de empregos, de alimento, de chuva para as colheitas ou de ideias. 

As pessoas acreditam na escassez, levadas pelos sentidos materiais, pois estes erroneamente descrevem a substância do suprimento como material, assim como se imagina que a substância da saúde reside no corpo material. 

Esse falso modo de pensar deixaria Deus fora de Sua própria criação e faria da matéria a fonte de toda substância.

A escassez, portanto, é o resultado de as pessoas aceitarem o testemunho dos sentidos materiais. 

À medida que isso for corrigido, e a consciência for imbuída dos fatos divinamente científicos da lei divina de suprimento, a abundância tornar-se-á evidente. Quanta abundância? A Abraão, que havia dito a Ló para pastorear seu rebanho em outro lugar, devido a desentendimentos entre seus pastores, e o havia deixado escolher para onde ir, Deus disse: “Ergue os olhos e olha desde onde estás para o norte, para o sul, para o oriente e para o ocidente; porque toda essa terra que vês, eu ta darei, a ti e à tua descendência, para sempre .” Quanta abundância? Tudo quanto Abrão viu.

Ciência e Saúde diz: “Se o pensamento se sobressalta ante o vigor com que a Ciência proclama a supremacia de Deus, ou Verdade, e põe em dúvida a supremacia do bem, não deveríamos, pelo contrário, espantar-nos ante as vigorosas pretensões do mal e duvidar delas, e não continuar a pensar que é natural amar o pecado e desnatural abandoná-lo—não continuar a imaginar que o mal está sempre presente, e o bem ausente?”

Trazemos à nossa experiência o que percebemos ou compreendemos da lei do suprimento. 

E, à medida que aprendemos a voltar-nos mais e mais a Deus—a caminhar humildemente com Deus—a mentira da escassez, sob todas as suas formas, vai, progressivamente, desvanecendo-se para nós. 

O Salmista, numa notável frase de grande valor espiritual, descreveu essa lei perfeita, nas seguintes palavras reveladoras e consoladoras: “O Senhor é o meu pastor; nada me faltará.”


(Extraído de O ARAUTO DA CIÊNCIA CRISTÃ – Maio 86)



Patricia M. White

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