E ele disse aos seus discípulos: "Portanto eu vos digo, não vos preocupeis com a vossa vida, com o que haveis de comer; nem com o vosso corpo, com o que o cobrireis. A vida é mais que o alimento, e o corpo é mais que a vestimenta.
Considerai os
corvos: eles não semeiam nem colhem; eles não têm dispensa nem celeiro; e Deus
os alimenta: quanto mais vaieis vós que as aves?
E qual de
vocês, com toda solicitude, pode acrescentar um cúbito à sua estatura? E se,
pois, não sois capazes de fazer estas pequenas coisas, por que vos preocupais
com as outras?
Considerai os
lírios, como eles crescem: eles não fiam nem tecem; e na verdade vos digo que
nem Salomão, em toda sua glória, jamais se vestiu como um deles. E se Deus veste
assim a erva que hoje está no campo e amanhã é lançada ao forno, quanto mais
vestirá a vós, homens de pouca fé? Não pergunteis pois o que haveis de comer, ou
o que haveis de beber, nem andeis na dúvida. Pois todas as gentes das nações do
mundo buscam estas coisas: e vosso Pai sabe que delas haveis mister. Buscai
antes o reino de Deus, e todas estas coisas vos serão dadas de
acréscimo.
Não temais,
pequeno rebanho, pois é do agrado do vosso Pai dar-vos o
reino.”
Surge agora a questão: Como é possível "não nos preocupar" com o dinheiro quando as prementes obrigações devem ser satisfeitas?
Como podemos confiar em Deus se ano após ano tais problemas financeiros nos afligem, geralmente não por falha nossa?
Vimos na passagem de Lucas que o modo de resolver nossas dificuldades está em não nos preocuparmos com o suprimento, quer seja dinheiro, alimento, roupa ou qualquer outra forma.
E o motivo pelo qual não precisamos estar ansiosos quanto a isso é que "é do agrado do vosso Pai dar-vos o reino", uma vez que Ele "sabe que delas haveis mister".
Para podermos entrar completamente no espírito de confiança desta passagem inspirada das Escrituras, temos de compreender que dinheiro não é suprimento, e sim o resultado ou efeito do suprimento. Não existe tal coisa como suprimento de dinheiro, de roupas, de casa, de automóvel ou alimento. Tudo isso constitui o efeito do suprimento, e se este suprimento infinito não estivesse presente dentro de nós, nunca haveria as "coisas dadas de acréscimo" em nossa vida. As coisas de acréscimo, naturalmente, são estas coisas práticas como dinheiro, alimento e roupas, que são tão necessárias neste estágio da existência.
E se dinheiro não é suprimento, que é este então?
As laranjas se foram, mas o suprimento continua, pois dentro da laranjeira existe uma lei em operação. Chame-a de lei de Deus, ou lei da natureza — o nome não é tão importante, mas o que importa é o reconhecimento da lei que atua na, através e como laranjeira.
E esta lei opera internamente — através das raízes vêm os elementos minerais, nutrientes, água, elementos do ar; e mais a luz solar, que são então transformados em seiva.
Esta, por sua vez, caminha tronco acima, é distribuída pelos ramos e finalmente toma expressão como flor. A seu tempo, esta lei transforma as flores em bolotas verdes e estas se tornam laranjas maduras. As laranjas são pois o resultado, ou o efeito da ação da lei na, através e como laranjeira. Enquanto esta lei estiver presente, teremos laranjas. A laranja, por si, não pode produzir outra laranja. E assim compreendemos que a lei é o suprimento e as laranjas seus frutos, os resultados, os efeitos da lei.
Dentro de mim e de você há também uma lei em operação — a lei da Vida — e a conscientização da presença desta lei é o nosso suprimento.
O dinheiro e as coisas necessárias à vida diária são os efeitos da conscientização da atividade da lei interior. Esta compreensão nos permite desligar o pensamento do mundo exterior para habitarmos na consciência da lei.
Que é esta lei, que é nosso suprimento?
A Consciência divina ou universal, a sua consciência individual — isto é a lei. E ela é de fato a nossa consciência. Assim, nossa consciência se torna a lei do suprimento para nós, produzindo a sua imagem e semelhança na forma de coisas necessárias ao nosso bem-estar. E assim como não há limites para a nossa consciência, tampouco há limites para a percepção consciente da ação da lei e, por isso, não há limites para o nosso suprimento em todas as suas formas.
A Consciência divina ou universal, nossa consciência individual, é espiritual. A atividade desta lei interior é também espiritual e, por isso, nosso suprimento, em todas as suas formas, é espiritual, infinito, sempre presente. Aquilo que vemos como dinheiro, alimento, vestimenta, carros ou casas representa a nossa interpretação dessa ideia. Nossos conceitos são tão infinitos como nossa mente.
Convenhamos que, assim como não precisamos nos preocupar com as laranjas, enquanto tivermos a fonte ou suprimento que produz continuamente os frutos para nós, também não precisamos mais nos preocupar com o dinheiro. Aprendamos a olhar para o dinheiro como olhamos para as folhas ou para as laranjas, como um resultado natural e inevitável da lei que age interiormente.
Não há, de fato, razão para nos preocuparmos, mesmo quando a árvore nos pareça desfolhada, enquanto mantivermos a consciência da verdade de que a lei continua assim operando internamente, para nos dar os frutos de sua própria espécie. Independentemente do estado de nossas finanças em dado momento, não fiquemos preocupados ou aborrecidos, pois agora sabemos que a lei atua dentro de nós, através e como nossa consciência e trabalha, quer estejamos dormindo ou despertos, para nos prover das coisas "de acréscimo".
Aprendamos a olhar para os lírios e a nos regozijar com a prova da presença do amor de Deus por Sua criação. Observemos as andorinhas, quão completamente confiam na lei.
Regozijemo-nos ao ver as flores na primavera e no verão, que nos confirmam a divina Presença. Assim como aprendemos a nos alegrar com as belezas e generosidade da natureza sem o desejo de nos apoderar de qualquer coisa, sem o medo de que seu suprimento não seja infinito, assim também aprendamos a nos alegrar com o desfrute de nosso suprimento infinito — resultado do infinito repositório em nosso interior — sem nenhum medo de que alguma carência venha a nos perturbar.
Gozemos dessas coisas do mundo exterior sem, contudo, considerá-las como suprimento.
Nossa conscientização da presença e da atividade da lei é nossa consciência de suprimento, e as coisas exteriores são as formas sob as quais nossa consciência se expressa. O suprimento interno se manifesta como as coisas externas de que necessitamos.
Joel Goldsmith
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