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quarta-feira, 14 de maio de 2014

O SUPRIMENTO - PARTE 2



Em certo momento dizemos que não devemos nos preocupar quanto ao nosso suprimento ou a nossa saúde e, no momento seguinte, dizemos que precisamos "orar sem cessar" e "conhecereis a verdade e a verdade-vos libertará". Embora isso pareça contraditório, ambas as afirmações estão corretas, mas elas têm de ser compreendidas.

Há sempre uma crença de "bem humano" em operação — uma lei de estatísticas, e dela nós extraímos nosso benefício material.
Nas vendas de porta em porta, há geralmente uma média de uma venda a cada vinte visitas; nas propagandas de mala-direta, há um retorno médio de dois por cento; no dirigir veículos, é dito que a regra estipula uma certa porcentagem de acidentes; as companhias de seguro de vida possuem uma tabela de expectativa de vida, e, baseando-se nessas médias, elas podem lhe informar a cada instante quantos anos de vida ainda lhe restam.

Viver humanamente, isto é, seguir ao longo do dia-a-dia permitindo que estas médias nos afetem, permitindo que crenças humanas operem sobre nós, não é um modo de vida científico. Isso tudo faz parte da crença em existência humana, e, a menos que façamos algo especificamente a esse respeito, ficaremos expostos a estas chamadas leis de saúde ou econômicas.

Estas sugestões, que realmente não passam de crenças, são tão universais que agem de modo hipnótico, e tendem a produzir efeito sobre os menos avisados, trazendo-lhes limitações.

 
O que nós podemos fazer para nos manter livres de tais sugestões e vivermos acima delas? Em primeiro lugar temos de viver em um plano de consciência mais elevado. Tanto quanto possível, temos de nos exercitar no conhecimento de que qualquer coisa que exista no campo do efeito, não é uma causa, não é criativo, e não tem poder sobre nós. E isso nos leva ao importante ponto da sabedoria espiritual: eu sou a lei, eu sou a verdade, eu sou a vida eterna. Ora, uma vez que eu sou consciência infinita e a lei, nada do mundo exterior pode agir sobre mim e se tornar uma lei para mim. Não há nada que nos possa infligir sofrimento, a não ser a aceitação da ilusão como realidade.

As coisas chamadas pecado e a doença não são coisas pelas quais temos de sofrer: são formas assumidas pelo erro. Independentemente do nome que lhe dermos, elas são só hipnotismo, sugestões, ilusões se apresentando como pessoas, lugares ou coisas — se mostrando como pecado, doença, necessidade ou limitação.

 
Não devemos viver como se fôssemos "efeito", com alguma coisa operando sobre nós. Lembremos de viver como a Lei, como o Princípio do nosso ser. Podemos assumir os nossos negócios só na medida de nossa percepção consciente de que estes são efeitos de nossa própria consciência, a imagem e semelhança de nosso próprio ser, a manifestação ou expressão do nosso Eu divino — e só então seremos a lei que os governa.

 
Temos de começar nosso dia com uma reflexão sobre nossa verdadeira identidade. Temos de nos identificar como Espírito, como Princípio, como a Lei que atua em nossas coisas. É coisa muito necessária relembrar que não temos necessidades: somos consciência espiritual, individual, mas infinita, corporificando dentro de nós mesmos a infinitude do bem; por isso, somos o centro, o ponto da Consciência divina que pode alimentar cinco mil pessoas a cada dia, não usando nossa conta bancária, e sim a infinitude do bem que jorra através de nós, assim como o fazia através de Jesus.

 
Não vamos de encontro às pessoas pensando no que podemos delas obter ou no que elas possam fazer por nós — apenas vamos para a vida como para a presença de Deus.

 
Ao longo do dia, quer estejamos fazendo trabalho doméstico, dirigindo o carro, comprando ou vendendo, temos sempre de nos conscientizar que nós somos a lei do nosso universo, o que significa sermos a lei do amor para com todos que fazem contato conosco.

Devemos lembrar conscientemente de que todos os que entram na esfera de nosso pensamento e atividade devem ser abençoados por este contato, pois nós somos a lei do amor; somos a luz do mundo.

Lembremos de que não precisamos de coisa nenhuma, pois que somos a lei do suprimento em ação — podemos alimentar "cinco mil" daqueles que ainda não sabem de sua verdadeira identidade.

 
Existe a crença da separação entre nós e Deus — nosso bem — e nós a corrigimos quando reconhecemos que "Eu e o Pai somos um; tudo o que o Pai tem é meu; o lugar onde eu estou é solo sagrado".

No reconhecimento da infinitude do nosso ser, percebemos as verdades da Bíblia, percebemos a verdade de suas promessas. Já não se trata de citações, mas de afirmações de fatos, e isto nos traz até a linha demarcatória entre "conhecer a verdade" e "não nos preocupar".
 
Percebemos agora a verdade como algo assentado em nossa própria consciência — a realidade do nosso ser.
Não nos preocupamos em atrair algum bem; não estamos nos dando algum tratamento para que nos aconteça algo, mas percebemos a verdade, a realidade de nossa identidade, de nossa unidade com o Infinito, com nossas infinitas possibilidades.

A razão para perceber e conhecermos esta verdade é que através dos tempos sempre nos reconhecemos apenas como homens — como algo diferente de ser divino — e a menos que, diária e conscientemente, lembremos da verdadeira natureza do nosso ser, recairemos sob a crença geral de que somos algo separado e longe de Deus.
 
Existe uma crença de que estamos separados das pessoas, que na realidade são parte de nosso ser como um todo; ou a idéia de que sejamos separados e distantes de certas idéias espirituais necessárias à nossa auto-realização, idéias que se apresentam como pessoas, textos, lar, amizades ou oportunidades.

Esta crença de separação nós corrigimos com a percepção de que nossa unidade com Deus constitui nossa unidade com cada uma das idéias. Temos um bom exemplo com o telefone. Através do meu telefone eu posso fazer contato com qualquer outro telefone ou lugar do mundo, mas não posso falar nem ao meu vizinho pelo telefone sem que a ligação passe pela central. Se então eu estabelecer meu contato com a central, serei um com todos os telefones. Pelo conhecimento de nossa unidade com Deus, o Princípio infinito, o Amor, encontramos e manifestamos nossa unidade com todas as idéias necessárias à expansão de nossa "completeza".
 
Nunca esqueçamos de que não podemos viver cientificamente como homens ou como idéia, mas que devemos perceber que somos Vida, Verdade e Amor. Devemos aceitar a revelação de Jesus sobre o "Eu sou" até que se torne realizada em nós.
 
Paremos de tentar aplicar a Verdade: tal tentativa de aplicar a Verdade nada mais é que uma ação do pensamento humano.

A Verdade é infinita e, por isso, não há nada a que possamos aplicá-la. Ela é a realidade do ser, e não há nada exterior ou interior sobre o que ela possa agir: a Verdade age e trabalha por si própria, ou seja, é auto-operante.

Estamos todos envolvidos em atividades que aparentemente fazem o suprimento vir até nós. Independentemente de se tratar de um negócio, uma profissão ou uma arte, o que está em atividade é Consciência.
Vista desse modo, nossa atividade é amorosa e inteligentemente dirigida e amparada. E mesmo mais do que isso: como uma emanação da Consciência, é a Consciência em Si mesma manifestando individualmente o próprio ser, natureza e caráter.
A direção está a Seu cargo, e só a Consciência é responsável. Aprendemos a não nos envolver e a deixar que Deus, a Consciência, assuma Suas responsabilidades.
 
Lemos na Bíblia sobre os esforços e atribulações de Elias. Se o acompanharmos pelo capítulo dezoito de I Reis, compreenderemos que apenas a consciência da presença de Deus, do Espírito dentro dele, poderia ter feito aquelas grandes coisas. Nenhum poder humano poderia tê-lo conseguido.
 
No capítulo dezenove encontramos o desânimo despontar naquilo que aparece como o fracasso do ministério de Elias. Na realidade, esta foi uma oportunidade dada a Elias para que comprovasse que o poder não era de um ser humano, mas que era de fato o poder de Deus se manifestando como em homem, Deus se mostrando como ser individual. 
                                                               JOEL GOLDSMITH

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