Atos, 17:28 e 29 / João, 1:13
“Doravante não reconheceremos o
homem pela carne”. E como, pois, o reconheceremos? Como um filho de Deus, sua
verdadeira identidade. À medida que conhecemos a nós mesmos e a todos os
demais, como sendo de descendência espiritual, nunca olharemos para o corpo,
mas diretamente para os olhos, até poder ver por trás deles, além do homem
mortal, além do homem jovem ou velho, doente ou sadio, onde está entronizado o
Cristo. O homem visível quer doente, quer sadio, não é o homem – Cristo, o Eu
espiritual daquele homem, não está sujeito às leis da carne, nem mesmo da carne
harmoniosa, mas está sujeito apenas ao Cristo.
Temos o dever – e não só perante nós
mesmos – de fazer com que o mundo reconheça o homem não pela carne, e sim que
reconheça a cada um como de fato deve ser reconhecido, não atribuindo
qualidades boas ou más, tanto para amigos como para inimigos, cessando de
pensar sobre sua história passada, presente e talvez futura; temos de olhar
para ele apenas como uma pessoa e vê-lo em sua identidade espiritual.
Joel S. Goldsmith – “O Trovejar do Silêncio” – Ed.
Martin Claret
... nunca enxerga o homem na sua
humanidade; mas que logo entra em contato com a consciência espiritual dele.
Acostumar-te-ás a não ver o homem segundo a sua aparência, mas o verás através
dos seus olhos, para além dos seus olhos, na certeza de que lá está o Cristo de
Deus. Fazendo isto, aprendes a prescindir da aparência externa, e, em lugar de
tentares curar alguém ou restabelecer alguém ou melhorar alguém, te tornarás
verdadeiramente uma testemunha da sua natureza crística, da sua essencial
identidade com o Cristo.
Mesmo quando encontrares um bêbado,
um doente ou um moribundo, não prestarás atenção à aparência externa, mas dirás
a ti mesmo ‘Ele É’...
Percebes os fenômenos externos, as aparências dos
sentidos, mas não te deixarás desorientar por elas. Podem os olhos ser
testemunhas da doença de alguém, testemunhas da pobreza ou da culpa de alguém –
mas o Espírito te diz: “Não! Isto é Deus em sua manifestação: isto é uma
individuação de Deus; e por isto, a harmonia é a verdade, independentemente do
que meus olhos vêem ou meus ouvidos ouvem”.
É uma consciência capaz de penetrar
as aparências e enxergar para além; é uma visão de dentro, que nos dá a certeza
desta verdade, mesmo quando os nossos olhos enxergam um ladrão ou um
moribundo... É sem importância o testemunho dos sentidos externos. Algo no teu
interior deve cantar, e o cântico que teu interior canta deve dizer: “Este é
meu filho amado, no qual me comprazo... O Eu no meu interior é poderoso”.
Joel S. Goldsmith – “A Arte de Curar Pelo Espírito” –
Ed. Martin Claret
Num primeiro momento poderemos achar
que isso é ser por demais impessoal, mas não é nada disso. Trata-se, isto sim,
de ser verdadeiro, pois observando tais princípios estaremos observando as
pessoas como elas são realmente. Quando Pedro soube dizer “Tu és o Cristo, o
Filho de Deus vivo”, foi porque já era capaz de ver através das aparências
humanas, e pôde ver aquilo que animava Jesus e que fazia dele um salvador e um
guia do mundo.
Se virmos o Mestre sob essa luz, mas
pararmos por aqui, teremos uma noção incompleta, pois não apenas em Jesus
atuava o Cristo: você e eu também somos Cristo-movidos.
O ser humano, vivendo o seu dia-a-dia,
é o homem de carne que não está sob o governo de Deus e que não agrada a Deus,
e que por isso é confuso, perplexo, frustrado, doente e muitas vezes acossado
pela pobreza. Como os filhos de Deus não é assim: não estão enredados nos
problemas do mundo, os filhos de Deus são livres. Os filhos de Deus renunciaram
a todo julgamento sobre bem e mal, e estão convencidos em seu coração da
verdade sobre as aparências: “Não é nem bom nem mau, é só uma pessoa. Não é nem
boa nem má, é só uma flor (ou uma pintura, um tapete, etc.). Não é nem bom nem
mau, porque só Deus é bom, e o mal não passa de uma ilusão ‘deste mundo’”.
Quando qualquer um de nós for capaz
disso, terá feito a transição entre ser um homem da Terra e ser um filho de
Deus.
A transformação ocorre sem que a
pessoa seja transportada para algum tipo de mundo etérico ou transformada em
corpo etérico, mas por meio de uma mudança de consciência que leva à reflexão:
eu sou uma pessoa, e, uma vez que Deus é o princípio criador do meu ser, tudo o
que Deus, é, eu sou – tudo o que o Pai tem, é meu.
Joel S. Goldsmith – “O Trovejar do Silêncio” – Ed.
Martin Claret
Palavras não resolvem este problema.
Deve ser uma convicção interna – e esta só se adquire por meio de exercícios,
pela compreensão e pela prática – sem falar da graça de Deus que reside no teu
íntimo.
Se fores capaz de ficar sentado à cabeceira de um doente moribundo sem
um vestígio de temor, porque uma voz canta no teu interior: “Este é meu filho
amado... Eu sou onipotente no meu interior... Jamais te abandonarei nem te
esquecerei” – então és um curador pelo espírito. Isto supõe uma evolução que só
se alcança por exercícios – até que desponte o dia em que esta voz fala de
dentro. Ou alguém recebe esta consciência pela graça de Deus, como um
presente”.
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