“Está escrito nos profetas:
E serão todos ensinados por Deus. Portanto todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim…
Não que alguém visse o Pai.”
João 6: 45-46
Estas inspiradas palavras de Jesus são declarações de tremendo significado espiritual, quando seu real conteúdo é revelado.
Jesus afirma plenamente que ao sermos ensinados por Deus, ou quando estamos conscientes de Deus, alcançamos a revelação de que nós também somos o Cristo.
Ao declarar que “todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim”, por certo não pretendia dizer que alguém, consciente de sua Identidade divina, viria a um Jesus pessoal para receber instruções mais elevadas. Tampouco intencionava dizer que aqueles que estivessem conscientes de Deus se tornariam seguidores de um Jesus pessoal.
Qual o sentido espiritual deste “vem a mim?” Vir ao Cristo significa descobrir nossa única e verdadeira Identidade como sendo Deus identificado.
Realmente, Deus não ensina homem algum. Deus revela, identifica e manifesta a Si mesmo como toda a Vida, Consciência, Inteligência e Corpo de cada Identidade. Assim, em vez de sermos ensinados por Deus, somos Deus revelado.
Talvez fosse esta a melhor colocação: somos a Autorrevelação de Deus.
Aquele que se conscientizou de que toda revelação deve ocorrer dentro de sua própria Consciência, já percebeu a própria Identidade crística.
Que é Identidade crística? Identidade crística é Deus Se revelando, Se identificando e se manifestando como você, eu e todo o resto do mundo. O Cristo não passa de outra forma de se dizer que Deus está aparecendo como aquele que se intitulava “homem”.
O segundo versículo da citação acima esclarece este fato, e, inclusive o enfatiza.
A afirmação de Jesus de que “somente quem for de Deus tem visto ao Pai”, é particularmente reveladora.
Nenhum homem, nenhum ser humano ou mortal pode ver (perceber) a Deus. Somente quando se dissipa o falso senso dualista, Deus é percebido; e, nesta percepção, Deus é conhecido por ser a totalidade de cada Identidade específica.
Por outro lado, também a Identidade específica passa a ser conhecida por ser tudo o que Deus é, e nada mais. Em outras palavras, ver ao Pai significa ver a Si mesmo, pois o Pai é o Eu próprio de cada um.
Ver, de fato, o próprio Eu, significa ver ao Pai, pois o Eu é tão somente o que o Pai é, e nada mais. Toda revelação é Autorrevelação. Isto já havia sido estabelecido anteriormente, sendo que agora o significado espiritual deste ponto será ampliado.
Se alguém acredita que algo exterior, ou algum outro, que não o próprio Eu, é possível de ser revelado, estará acreditando achar-se separado da revelação essencial à sua Autorrealização completa. Estará crendo também na existência de algo exterior, ou de algo além de Si mesmo, para ser revelado. Isto é duplicidade. Isto é dualidade, e constitui sutil aspecto de autoengano. Tal falha ludibriante é o que nos faz parecer presos, restritos e cegos diante da imensurável vastidão que constitui nosso Ser Divino.
Esta ilusão dualista possui dois aspectos. Um deles, obviamente, é a ilusão amplamente aceita de que existe mais alguém, além de seu próprio Eu, capaz de levar conhecimento espiritual à sua Consciência, aumentando com isso a sua espiritualidade e seu conhecimento de Deus. As igrejas vinham se utilizando deste método de pregação e ensino através dos séculos. O leigo da igreja sempre era ensinado ou aconselhado por um padre, ministro, ou alguém supostamente mais espiritualizado do que ele. Com efeito, em algumas destas igrejas, o leigo era julgado como sendo dono de uma fé insuficiente para poder orar a Deus diretamente; entretanto, haveria um padre ou ministro capaz de fazer isto por ele. Nada poderia ser mais dualista do que isto! Naturalmente, num caso destes, a aparente separatividade entre Deus e o homem é detectada de modo deslumbrante por aqueles de Consciência iluminada. Nesta limitação ortodoxa, facilmente se observa que o membro da igreja estaria negando, o tempo todo, a sua própria Identidade divina, indo em busca de terceiros com a intenção de obter ajuda espiritual, orientação ou conhecimento.
No entanto, o que dizer daqueles que deixaram a igreja para continuar buscando algum líder, mestre ou autor que lhes trouxesse um entendimento mais amplo de Deus? Não seria apenas outra faceta daquela mesma antiga limitação, Autonegação e dualismo? Não seria apenas outro aspecto da antiga limitação da ortodoxia? Realmente, é! E está começando a ocorrer um despertar para este fato.
O segundo aspecto errôneo desta ilusão dualista é ser ela uma negação da única e verdadeira Identidade. É verdade que o despertar espiritual parece ocorrer gradativamente; é também verdade que alguns aparentam ser espiritualmente mais iluminados que outros. Entretanto, sabemos que Deus não Se divide em partes para identificar-Se. Sabemos que este mesmo Deus é que está identificado como cada um de nós todos.
Jamais conscientizaremos a totalidade e a inteireza de nossa Identidade divina pela negação de que tudo o que Deus é, está expresso, identificado e manifestado como cada aspecto específico de Sua própria identificação.
Nosso Ser divino consciente não poderá ser revelado, enquanto insistirmos em aguardar maior comunicação vinda de fora de nossa própria Identidade divina. Na verdade, não há forma de se medir a imensidão ilimitada de nosso Ser divino consciente.
Estaríamos apresentando aqui uma nova Verdade? Não! Seria esta a primeira vez em que este importante aspecto da Verdade está sendo visto, escrito ou expresso? Não! Séculos atrás, LaoTse, o grande Iluminado chinês, já conhecia plenamente este fato. Tanto era assim, que ele não tinha vontade de escrever extensivamente, ciente que estava de que toda realização deve ser Autorrevelada.
Em nossa Bíblia, encontramos o profeta Jeremias, em grande iluminação, dizendo: “Ninguém ensinará mais o seu próximo, nem o seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior, diz o Senhor…” (Jeremias 31:34).
Citamos apenas dois, dentre os iluminados que perceberam tão importante Verdade. Realmente, ela foi percebida, falada e escrita repetidamente por aqueles que eram iluminados. Nós apenas começamos a perceber a importância tremenda desta Verdade fundamental.
Isto significa que devemos parar com a leitura de obras inspiradas de autores modernos e antigos da literatura espiritual iluminada? Não, em absoluto. Tampouco significa que devemos evitar a ida a cursos e palestras, caso o desejarmos. Porém, façamo-nos estas perguntas: Qual é a finalidade de estarmos lendo esta literatura? Por que estamos assistindo a estas aulas e palestras? Na expectativa de haver uma revelação maior de Deus para nós? Acreditamos que Deus Se exprima mais completamente como o autor do que como o ouvinte ou leitor? O autor ou o instrutor existe como alguma Consciência diferente daquela que é o leitor ou o ouvinte?
O leitor ou o ouvinte não é exatamente a mesma Consciência divina que o autor ou o instrutor é?
Tendo se dirigido ao seu Eu com tais questões, e estando consciente de suas respostas, você poderá frequentar as aulas ou fazer as leituras em plena liberdade gloriosa. Completamente liberto do aparente vínculo com o instrutor ou autor, você descobrirá que as palavras que ouve ou lê não passam de sons e símbolos para relembrá-lo daquilo que você sempre conhece, e é.
Uma aula, uma palestra, um livro inspirado…tudo se torna uma experiência maravilhosa e satisfatória, quando você já estiver consciente de sua inteireza como Deus completamente identificado, e quando você souber que não existe Verdade sendo passada a você, e que estivesse fora ou sendo outra, senão a sua própria Consciência.
Caríssimo, você é a realização. Você é Deus revelando e realizando o Seu próprio Eu glorioso.
Tudo que existe como você, é Deus, dizendo: Observai; isto sou Eu.
*GRATIDÃO ETERNA AO MEU AMIGO DÁRCIO
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