Ao voltar do trabalho , no dia em que comecei a escrever este editorial, o motorista de uma caminhonete colocou-se atrás de meu carro, com muita velocidade, buzinando com insistência para que eu avançasse, quando eu aguardava para entrar com segurança numa estrada movimentada. Talvez você já tenha se encontrado numa situação semelhante. Ao relembrá-la, será que ficou contente com sua reação? Eu não.
Nessa ocasião específica, porém, o trabalho que estivera desenvolvendo com este editorial mostrou-se valioso para me ajudar a tomar a atitude correta, pois havia-me feito pensar profundamente na natureza de Deus e na minha própria natureza verdadeira.
A Bíblia nos manda reverenciar a Deus e Sua criação; diz que seu nome, ou natureza, é santo e como tal deve ser considerado. Essa lei não faz nenhuma exceção para se acomodar às circunstâncias. Deus, afinal, sempre expressa Sua natureza santa com Amor divino e, assim, como se poderia esperar de Seus filhos algo menos do que santidade?
Que significa ser santo? Significa não possuir nenhum elemento do mal, ser puro e perfeito, ser inteiramente bom. Essa descrição se aplica perfeitamente ao Espírito infinito, o bem único que a tudo inclui e que é Deus. Tudo o que está contido em nosso Pai e Mãe celestial, Deus, é santo; toda concepção da Mente divina expressa a bondade de Deus, Sua santidade. Seu nome é santo porque Ele é santo. É louvável santificar o nome de Deus, considerá-lo sagrado.
Cristo Jesus ensinou-nos a orar: “Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome”. Na Ciência Cristã, o nome de Deus é santificado.
Mary Baker Eddy explica: “Na Ciência divina, tudo pertence a Deus, porque Deus é Tudo; daí ser apropriado dar a seu santo nome a merecida deferência, ou seja, o uso de maiúsculas, que o distingue de todos os outros nomes, obedecendo, assim, à orientação da Oração do Senhor”.
Quando reverenciamos o nome de Deus, quando reconhecemos Sua natureza pura como Vida, Verdade e Amor, nossa compreensão d’Ele aumenta.
Ao descobrir a perfeita bondade de Deus, aprendemos mais sobre nossa própria natureza boa e pura, uma vez que somos Sua ideia espiritual, o homem, Sua santa imagem.
Considerar a Deus santo é reconhecer que nossa própria santidade inata está intacta na Mente divina e nós podemos aceitá-la e expressá-la.
Santidade, portanto, não é alguma coisa distante da vida diária, não é algo reservado para algumas poucas pessoas devotas.
É a natureza verdadeira de cada um de nós. Ser santo em pensamento, palavra e ação é o meio que temos de identificar o nome de Deus, de dar prova de que o bem onipotente, Deus, não concede poder algum ao mal. É a maneira de vencermos o mal, impedindo que ele tenha em nós uma suposta identidade ou um suposto poder. Eis por que é tão importante obedecer ao Terceiro Mandamento: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão, porque o senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão”.
Pensar ou falar em Deus de alguma forma que não seja com o maior respeito possível por Sua bondade e pela bondade de Sua criação, não adianta nada. Se o fizermos, perderemos a noção correta do que Deus é, do que nós somos e de nosso domínio, concedido por Deus, sobre o pecado, a doença e a morte.
O desrespeito ao bom nome de Deus não modificará a Deus, nem irá alterar o conceito que a Mente divina tem de nós como sua pura ideia espiritual. Não eliminará nossa oportunidade de redenção e cura. Mas certamente nos defraudará, nesse momento de deslealdade à Sua lei do bem, impedindo-nos de compreender agora mesmo que a bondade já é inata em nós, e de sentir o vigor, a confiança e a alegria que acompanham essa compreensão. Uma expressão superficial de bondade, sem ter no coração verdadeira reverência por Deus e por Sua criação, somente nos trará decepções.
O propósito do Terceiro Mandamento é salvar-nos dos desapontamentos ligados a irreverência e capacitar-nos a usufruir os bons resultados da santidade.
Um modo muito bom de abordar o “Terceiro Mandamento” é procurar o lado afirmativo que está por trás do “não tomarás” e darmos a ele completa atenção.
O oposto de tomar o nome de Deus em vão, é santificá-lo por meio da expressão de nossa própria santidade advinda de Deus.
O Salmista registrou na Bíblia a ideia correta, nesta sua oração: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga ao seu santo nome”. “Tudo que há em mim”. É uma exigência e tanto, mas pode ser obedecida, se cultivarmos o desejo de santidade em todos os nossos pensamentos e ações.
Na proporção em que pomos diariamente em prática esse nosso desejo, fica cada vez mais evidente que esse desejo nos é natural.
Se nossa fidelidade for posta à prova de maneiras inesperadas, ficaremos cada vez mais satisfeitos com as atitudes que tomarmos.
Esta ideia específica de santificar o nome de Deus mediante nossa própria santidade outorgada por Deus (a que eu tinha dado profunda atenção em meus escritos, nesse mesmo dia), não me ocorreu naquele momento em que o motorista da caminhonete buzinava atrás de mim para que eu entrasse logo no trânsito pesado de uma hora de pico, pois toda a minha atenção estava concentrada em dirigir.
Mas, depois de ter entrado com segurança na pista, entendi com gratidão que havia me mantido calma, com sabedoria e amabilidade, numa situação hostil e potencialmente perigosa.
As ideias espirituais com as quais eu havia me ocupado anteriormente influíram em meu pensamento na hora certa, para que aflorasse a santidade natural do filho de Deus. Eu sabia que minha atitude resultara do desejo de expressar a santidade com “tudo o que há em mim”.
Sim, santificar o nome de Deus, ser santo, nunca é em vão, nunca infrutífero. É algo prático. É essencial ao nosso bem-estar.
Na verdade, quando tudo o que há em nós está santificando o nome de Deus, estamos obedecendo integralmente ao Terceiro Mandamento. Estamos efetivamente desenvolvendo nossa redenção de tudo o que é dessemelhante de Deus, o bem.
(Extraído de O Arauto da Ciência Cristã – Agosto de 1996)