Quando menino, eu gostava de procurar fragmentos de rochas junto às ribanceiras dos córregos, dos poços de pedregulhos e dos velhos leitos das estradas. Por fim acumulei considerável coleção de ágatas e fósseis. Lembro-me de um fóssil que se parecia com um quebra-cabeça. Eu não conseguia imaginar de que se tratava. Talvez fosse a coluna vertebral de um peixe pré-histórico ou o talo de um lírio marinho depositado no fundo do oceano milhões de anos atrás. Quando criança, o pouco que eu sabia de paleontologia não era realmente o bastante para resolver o mistério.
Existem, é claro, mistérios bem mais profundos que os da simples tentativa de um menino em identificar fósseis.
De fato, para a mente humana, muito da existência humana continua sendo um enigma. Ora, o caminho para resolver qualquer mistério, grande ou pequeno, é fundamentalmente o mesmo: obter melhor compreensão das questões e dos fatos envolvidos.
Quando me tornei estudante de Ciência Cristã, aprendi, no entanto, que, para alguém que se disponha a resolver os grandes mistérios do ser, é necessário, acima de tudo, obter compreensão espiritual.
Na Bíblia, o livro dos Provérbios proclama: “O princípio da sabedoria é: Adquire a sabedoria; sim, com tudo o que possuis adquire o entendimento.”
Contudo, um cético poderia achar que algo como compreensão espiritual talvez fosse de pouco valor prático. E, se é isto o que a Ciência Cristã oferece, então perguntaria em que difere ela realmente daquilo que os princípios morais religiosos tradicionais têm oferecido através dos tempos?
É possível argumentar-se que a religião é uma área da experiência humana frequentemente envolta em misticismo, dogmas e visões inexplicadas de forças sobrenaturais.
Ora, a Ciência Cristã ensina que é fundamentalmente a ignorância, um sentido materialista e limitado da realidade, o que resulta numa aparente incapacidade de a humanidade resolver satisfatoriamente os mistérios da vida.
A religião que permanece no reino dos fenômenos inexplicáveis e das crenças dogmáticas jamais poderá satisfazer plenamente ao verdadeiro desejo dos povos – o desejo de verdadeiramente conhecer Deus, de entender inconfundivelmente Sua presença e de compreender Sua vontade para com o homem.
Esta é a esperança e a promessa que a Ciência Cristã está trazendo hoje, ao mundo: a promessa de conhecer-se Deus, de encontrar-se salvação, liberdade e o verdadeiro propósito da vida. De pleno acordo com os ensinamentos e a prática de Cristo Jesus, a Ciência do Cristo está elevando os corações oprimidos e revelando o agradável domínio resultante da oração feita com compreensão espiritual e de viver-se de acordo com tal oração.
O ministério de Cristo Jesus demonstrou verdadeiramente, séculos atrás, que a prática da verdadeira religião não apresenta mistérios. Um dos fatos mais notáveis sobre as obras de Cristo Jesus e do cristianismo genuíno de seus discípulos foi seu aspecto prático imediato, evidenciado na vida dos homens. A inspirada compreensão que Jesus tinha do poder de Deus levou cura e regeneração a inúmeras pessoas.
Jesus percebeu o caráter enigmático da existência mortal e provou ser o homem o reflexo perfeito, a imagem e semelhança, de Deus. Seu reconhecimento da relação inquebrantável existente entre o homem e o Pai transformou a vida daqueles cujos corações Jesus tocou. E, hoje, a compreensão espiritual alcançada com o estudo da Ciência Cristã está outra vez curando a doença e salvando vidas do pecado.
Quanto mais oramos e crescemos em graça, tanto mais se revela ao nosso sentido espiritual a verdadeira natureza de Deus como Espírito infinito, Mente divina. Quando vemos que somos verdadeiramente Sua expressão pura, completa e livre, a realidade da existência espiritual do homem e o poder de Deus para curar não mais parecerão sobrenaturais ou miraculosos. No livro-texto, Ciência e Saúde, Mary Baker Eddy faz esta observação, referindo-se à Ciência Cristã: “Levanta o véu do mistério que envolve a Alma e o corpo. Mostra a relação científica do homem para com Deus, deslinda as ambiguidades entrelaçadas do ser, e liberta o pensamento aprisionado.”
Em seguida o livro-texto continua, com a afirmação da natureza completamente sem mistérios da realidade: “Na Ciência divina, o universo, inclusive o homem, é espiritual, harmonioso e eterno”.
A vida já não precisa parecer-nos um enigma, quando nos entregamos a Cristo, a Verdade.
É realmente possível descobrir qual é o propósito individual de cada um de nós como filhos amados de Deus. O livro-texto da Ciência Cristã declara: ”A Verdade está revelada. Só precisa ser praticada.”
Quando em nós a humildade, o amor abnegado e os motivos puros aumentam, crescemos em compreensão espiritual e os motivos puros aumentam, crescemos em compreensão espiritual e o verdadeiro significado da vida transparece, trazendo alegria, paz e bênçãos mais elevadas para nós e o nosso mundo. Nossa vida como discípulos cristãos – que dão testemunho da Verdade e a praticam – pode dar prova de que não existem mistérios na Ciência divina.
(De O Arauto da Ciência Cristã – abril 1985)
Nenhum comentário:
Postar um comentário