A parte que a Bíblia fala acerca de Deus - relacionado à ira e a vingança, não é Deus; é a lei, é o Deus-lei, a lei cármica, a lei de causa e efeito, a lei da mente : “O que semeares, colherás.”
Isto não é Deus: o que “tu” semeares, “tu” colherás. Não se faz menção a Deus. Apenas nos avisa que, quando fizermos o certo ou errado ao semear, teremos o certo ou errado ao colher, mas certamente está claro que Deus nada tem a ver com a semeadura ou com a colheita. E, pois, nada disso guarda referência com Deus. Refere-se, sim, à lei cármica, à lei de causa e efeito encontrada ao longo da Bíblia.
Mas, como acreditou-se que isso fosse Deus, essa ideia foi perpetuada pelas pessoas que ousaram ler a Bíblia com objetividade.
Tentemos agora ver o que seja realmente Deus, se é que o podemos, já que desse ponto depende toda a nossa experiência.
É justo e correto ser um bom hebreu, isto é, obedecer aos Dez Mandamentos.
É justo e correto ser um homem de negócios honesto ao invés de desonesto, e um ser humano saudável ao invés de doente.
Tudo isso porém não tem relação alguma com o caminho espiritual nem com nosso destino final, que é retornar à casa do Pai, para a Teo-consciência, ou seja para a Consciência Divina que somos. Para alcançarmos nosso intuito final, devemos compreender a natureza divina; e assim certamente surgirá uma pergunta em nossa mente: que é Deus?
Antes de mais nada, temos de saber que nossas orações e meditações não influenciam Deus para que faça ou não o bem para nós – e que nós não podemos trazer a Glória de Deus para nós mesmos e nem para qualquer outro.
Tudo o que podemos fazer é reconhecer que Deus, que está em nós, é poderoso, e não por nossa causa, mas exatamente porque nos foi dada a Graça de reconhecer que É aquele que sempre É.
Eis por que Jesus disse aos discípulos para não se glorificarem por terem subjugado os demônios, mas por terem os seus nomes escritos nos Céus.
Eis por que ninguém deve ousar se glorificar por causa de uma cura – nenhum ser humano jamais efetuou uma cura -, ela é trazida por um estado divino do ser espiritual que atua, e só pode atuar, por meio e como a consciência de alguém que conheça a natureza de Deus, e possa assim trazer a cura para a esfera da manifestação visível. Esse é o nosso papel nesse glorioso trabalho espiritual. Apenas esse é nosso papel – conhecer Deus e conhecê-lo corretamente, como Vida Eterna.
Quando conhecermos a natureza de Deus como Amor e Vida Eterna, nunca mais nos ocuparemos com a morte, a velhice ou a doença, como se houvesse uma realidade que pudéssemos mudar, trazendo Deus para ela.
Compreendamos que não há nada a fazer quanto a Deus: há o que fazer quanto ao “o que semeares colherás”.
Se acreditamos numa lei de pecado, de matéria, de doença ou numa lei punitiva, será essa a marca que iremos imprimir à nossa vida e à vida dos que esperam de nós uma orientação espiritual.
Quando compreendemos que a natureza de Deus é amor, compreendemos também a palavra Graça. Compreendemos que o nosso bem nos vem pela Graça, e não por sermos merecedores ou dignos dela. Qual ser humano pode ser bom o bastante para merecer Deus?
Em relação a isso, quanto mais qualidades humanas tivermos, mais teremos o que varrer de nós antes de podermos perceber Deus.
Não podemos chegar ao ponto de merecer Deus: só podemos galgar o ponto em que a parte de nós que quer ser meritória, ou parece não sê-lo, seja removida do caminho e o nosso verdadeiro Eu seja revelado.
Nosso bem – físico, mental, moral ou financeiro – é nosso pela Graça divina, como um presente de Deus. Não podemos ganhá-lo ou merecê-lo; não podemos influenciar Deus para que nô-lo dê, e nenhum ato, fato ou pensamento nosso é poderoso o bastante para impedir Deus de agir e de continuar operando.
Ainda que acreditemos que nossos pecados sejam escarlates, no momento exato em que percebemos nossa verdadeira identidade tornamo-nos brancos como a neve.
De fato, enquanto aceitarmos o Carma, isto é, enquanto aceitarmos a nós mesmos como apenas seres humanos, teremos a lei de Carma agindo em nossa vida, mas a lei pára de atuar tão logo assim meditemos: “Eu estou saindo, me separo, e agora vou viver sob a Graça”. E, no momento em que realmente estivermos vivendo sob a Graça, cairá em desuso a palavra “eu”.
Paramos de nos vangloriar de que o “eu” é bom e meritório, e paramos de nos condenar por ser o “eu” mau e indigno. Esquecemos mesmo o passado e reconhecemos que não vivíamos, uma hora atrás, e que não podemos viver daqui a uma hora.
O único momento em que podemos viver é AGORA, e agora estamos vivendo na Graça.
Agora não há pecado, doença, morte ou iniquidade – nada age em nossa consciência a não ser o Amor, o Amor de Deus, não o seu ou o meu amor, não um amor humano, mas o amor divino que é pura luz e nele não há trevas alguma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário