Muitas pessoas ficam intrigadas a respeito do corpo: como funciona, como controlá-lo ou, até mesmo, o que ele vem a ser. Conseguiremos algumas pistas sobre o que ele é, ou não é, se considerarmos dois aspectos da palavra corporificação.
Poderíamos dizer que um dos aspectos da corporificação é “expressão concreta”. O outro é “materialização ou encarnação”. Talvez pareçam a mesma coisa, mas podem ser bem distintos.
Considerado metafisicamente, o corpo é a corporificação, a expressão concreta, ou o templo de Deus, no sentido que Paulo adota em sua carta aos Coríntios: “Não sabeis que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?”
A verdadeira identidade do homem, portanto, é a corporificação de qualidades espirituais e a expressão individual e concreta da Vida, Deus. O verdadeiro homem é puramente espiritual e sempre harmonioso, a imagem e semelhança de Deus. Esse fato espiritual denota nossa identidade real, para a qual cada um de nós pode despertar, se deixar de lado o ponto de vista finito sobre o ser. Na cura da doença e do pecado, percebemos vividamente a infinita presença e o infinito poder de Deus. Deus é Amor e sempre quer o bem para sua amada criação.
O que parece ser um corpo material é, efetivamente, a expressão de um conceito material e errôneo de identidade. O ponto de vista limitado sobre o ser, isto é, a mente mortal, acha que o corpo existe e age dentro de três dimensões e, portanto, é material. Esse é o segundo significado de corporificação, conforme dissemos antes: materialização ou encarnação. Sob esse ponto de vista finito, o corpo nos parece material. A matéria, entretanto, não age por si e não tem consciência de ser. O corpo, mesmo que pareça ser material, só pode expressar aquilo que dele se pensa, coletiva e individualmente. Ao nível do indivíduo, o corpo é influenciado pelo pensamento coletivo à medida que a pessoa aceita, com maior ou menor consciência, esse pensamento coletivo como sendo seu próprio.
No caso em que o pensamento se volta para a matéria, o corpo fica sendo, não resta dúvida, apenas a corporificação do pensamento.
Todavia, à medida que compreendemos que em realidade há apenas uma Mente, o corpo passa a ser governado por esta Mente divina única. Os membros e os órgãos passam a ser servos em vez de senhores.
Essa Mente única é Deus. Em verdade, é a tua Mente. Os pensamentos que não provêm dessa Mente não são teus pensamentos, são apenas sugestões de uma suposta mente mortal que erroneamente pretende ser tua mente, e, dessa forma, sugere a existência de muitas mentes.
Não obstante, Deus é, em realidade, a única Mente, e Sua presença é expressa na ação inteligente do homem espiritual feito à Sua imagem.
Com base nesse reconhecimento, de que o homem reflete a Mente divina, o Cientista Cristão se esforça para voltar o pensamento em direção a Deus e Sua semelhança e afastá-lo do corpo físico. Em vez de vermos o mortal como realidade, podemos orar para ver o homem imortal, a Ideia-Cristo. Dessa forma, vemos o homem como sendo a expressão direta da Mente infinita. Qualquer ponto de vista finito é rejeitado e o infinito é aceito.
O ponto de vista finito constitui a assim chamada mente mortal. Quando rejeitado, a realidade infinita da harmonia perene passa a governar a situação e o corpo a expressar aquilo que predomina no pensamento. A verdade espiritual sobrepuja todo o resto. Como toda visão finita e desarmônica é sempre uma ilusão, ela logicamente cede à correção. Um pensamento da Verdade é mais potente que legiões de erros e ilusões. Por isso, alcançar um senso espiritual de corpo significa romper com a dimensão materialista em que estamos acostumados a pensar. Cedemos a um senso completamente novo de realidade e de Vida.
Cristo Jesus curava os doentes unicamente por meios espirituais. Ele provou que a fé, isto é, o pensamento, determina a saúde da pessoa. Várias vezes ele declarou: “Tua fé te salvou”. A fé, naturalmente, inclui arrependimento, afastamento do pecado; mudança completa de vida e de pensamento, do material para o espiritual. A cura pode ser obtida por meio da completa confiança em Deus. A presença e o poder de Deus estão disponíveis em qualquer lugar. Ele está presente e é onipotente.
Nada podia impedir o trabalho de cura de Jesus, mesmo nos casos mais difíceis. A única condição prévia era a disposição, por parte dos que procuravam ajuda, de ceder ao Cristo, a Verdade; em outras palavras, ter fé.
No Evangelho de Mateus, lemos: “Partindo Jesus dali, seguiram-no dois cegos, clamando: “Tem compaixão de nós, Filho de Davi! Tendo ele entrado em casa, aproximaram-se os cegos, e Jesus lhes perguntou: Credes que eu posso fazer isso? Responderam-lhe: Sim, Senhor. Então lhes tocou os olhos, dizendo: Faça-se-vos conforme a vossa fé. E abriram-se-lhes os olhos.”
Tais curas mostram que o Cristo corrige a mente mortal e cura o corpo.
A Ciência Cristã possibilita a comprovação de que a Mente divina governa o corpo humano. Isso não que dizer que o Espírito, isto é, a Mente divina, reconheça a matéria. Significa, isto sim, que a harmonia é demonstrável mesmo onde, para a consciência terrena, ainda parece existir um corpo material. Jô disse: “Em minha carne verei a Deus.”
A Sra. Eddy revelou que a matéria é “uma imagem na mente mortal”. A fim de permitir que a Mente divina governe o corpo, é preciso abandonar a crença na matéria e no mal.
Se tolerarmos pensamentos mortais sobre vida na matéria e pela matéria e se nos sujeitarmos à evidência mortal, estaremos indo contra nosso desejo de vermos manifestar-se, em nossa vida, o poder da Mente divina para curar.
Um erro comum da mente mortal é ver o corpo como sendo material.
A doença é um erro específico acerca do corpo. A transição de uma percepção material finita para a compreensão espiritual tem consequência e propósito tão profundos, que só pode ser efetuada passo a passo.
No tratamento pela Ciência Cristã, portanto, devemos negar o erro específico acerca do corpo e tornarmo-nos conscientes da harmonia e saúde já existentes no caso individual.
Num de seus livros, a Sra. Eddy respondeu à seguinte pergunta: “Se toda matéria é irreal, porque negamos a existência da doença no corpo material e não negamos o corpo propriamente dito?” Ela afirmou: “Negamos em primeiro lugar a existência da doença, porque podemos compreender essa negação mais facilmente do que a negação de tudo quanto os sentidos materiais afirmam. Está escrito em Ciência e Saúde: Uma crença melhorada é apenas um passo para fora do erro, mas ajuda a dar o passo seguinte e a compreender a situação na Ciência Cristã.”
Quando reconhecemos a natureza espiritual de todas as coisas e corrigimos os erros acerca do corpo, ganhamos maior domínio sobre ele. Demonstramos condições normais de saúde. À medida que progredimos, a matéria e o mal se tornam menos reais em nosso pensamento e em nossa vida. Começamos a compreender o Espírito perfeito e a criação espiritual e perfeita, como sendo a única realidade. A presença de Deus é percebida em nosso dia a dia.
Esse pensamento progressivo alcançará finalmente uma visão puramente espiritual da criação. Por sua ascensão, Cristo Jesus, nosso Mestre, mostrou o último passo nesse caminho de progresso espiritual.
Na carta que o apóstolo Paulo escreveu aos Filipenses, lemos: “Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo de sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as cousas.”
A verdadeira identidade do homem é a corporificação de qualidades espirituais provenientes da fonte infinita, Deus, refletida individualmente. “Expressão concreta” pode ser considerada, portanto, a significação espiritual prática da palavra corporificação.
(De O Arauto da Ciência Cristã—Setembro 1991)
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