A aquisição de dinheiro é geralmente considerada como algo bom e desejável e a dependência do álcool é considerada um mal, desse modo, o alcoolismo poder ser encarado sob muitos aspectos como um problema de suprimento.
Quando alguém começa a descobrir que o álcool tem um poder que não é bom nem ruim, perde todo o gosto por ele. E isso é também verdadeiro para a gula e para o tabagismo.
De fato, muitas pessoas gostariam de concordar que tais coisas não têm poder maléfico, mas concordarão pacificamente que tais coisas têm poder de nos trazer prazer ou satisfação.
Enquanto alguém lhes conferir algum poder, tanto para o bem como para o mal, será mantido em suas garras.
Muitos alcoólatras tem sido curados pela compreensão de que não há poder maligno no álcool, mas tenho tido sucesso maior em lidar com esse problema específico pelo conhecimento de que não há poder benigno no álcool.
Diversos anos atrás, um caso muito interessante foi-me trazido por uma mulher que dizia, em grandes prantos e em seu virtuoso horror, que o marido havia chegado ao ponto de se recusar a trabalhar, que ela tinha de suportá-lo e que ele ficava deitado na cama o dia todo a não ser no dia em que ela recebia o pagamento, quando então levantava e saia para comprar o suprimento semanal de uísque, usando para isso o seu suado dinheiro.
A situação já era mais do que ela pudesse levar adiante; mas ela se interessava por cura espiritual e queria saber o que eu poderia fazer, espiritualmente, por isso.
Foi pura inspiração que me levou a dizer: “Sabe de uma coisa? Estou achando que seu marido não é alcoólatra – você é que é alcoólatra”. Bem, você parece estar mais amedrontada com o álcool do que o seu marido"
Ela me olhou com ar de quem nada compreendeu e disse: “Bem, talvez eu esteja. Vejo diariamente o que isso faz. Meu marido não acha isso terrível, ele gosta disso”.
Aí está uma diferença de opiniões. "Você acredita de fato que o álcool seja ruim, não é?”
“Certamente que sim.”
“E, no entanto, toda a base do nosso trabalho consiste exatamente no fato de não haver nem bem nem mal.” E agora, que vamos fazer com isso?”
“Posso expor tudo isso para você do seguinte modo: suponha que seu marido queira usar o seu dinheiro para comprar refrigerante; você teria objeções?” “Não, - eu iria para o trabalho contente e ele poderia ter todo o refrigerante que quisesse.”
“Logo, o refrigerante é bom e o álcool é ruim". Novamente uma aparência, e nós estamos de volta a Adão e Eva.
Agora vejamos quem está enganado nisso tudo, seu marido ou você. Seu marido acha que o álcool é bom e você acha que é ruim; você está num impasse, suponho, e vai passar um tempo sem poder ver o que eu vejo, que é que de fato o refrigerante não é bom nem o uísque é mau, ou seja, não há neles qualquer poder, já que todo o poder está em Deus.
Esta é a minha visão – Deus é o todo-poderoso e infinito, e junto de Deus não há poder de bem ou de mal.”
“Aonde isso me leva? Que devo eu fazer? disse ela .
“Aonde isso me leva? Que devo eu fazer? disse ela .
“Suponhamos que concorde em que, na próxima semana, o seu marido tenha todo o uísque que quiser, uma vez que sabemos agora não haver no uísque o poder do mal, e assim não teremos de nos preocupar com o que ele fará com o uísque. Vá logo para casa e diga-lhe que você cometeu um sério erro, e que não acha o uísque tão terrível apesar de tudo, e que a partir de agora ele poderá tê-lo o quanto quiser.”
Isso pareceu ter ido longe demais. Ela ficou chocada e assim saiu e sentou na outra sala por um tempo; por fim decidiu que, já que nada havia resolvido até então, ela tentaria isso como experiência.
Quando entrou novamente no meu escritório disse: “Bem, disse jeito não irei a parte alguma; não posso fazer com que fique pior do que está, e assim eu o farei – mas é uma coisa difícil que está me pedindo”.
“Tente e verá.” Ela voltou para casa, esperou o momento oportuno, e, quando o marido quis a mencionada bebida, disse: “Oh, sim, certamente, aqui está”.
Ele a olhou surpreso, mas não fez nenhum comentário até uns poucos dias depois, quando foi se queixar com ela: "Você sabe, não é bebendo que sacia. Estão fazendo de novo o uísque do tempo da guerra, e não há nele vigor, não tem efeito, não tem poder para saciar".
E foi como se livrou, por fim. Ele não podia mais beber, pois não mais lhe proporcionava a satisfação de antes.
Pela minha observação, acredito que a maioria dos alcoólatras sofra desse mal não tanto por achar a sua auto-indulgência seja um mal, mas porque pensam que disso derive algum bem, isto é, algum prazer.
Com a descoberta de que o álcool não é bom, desaparece o gosto por ele.
Observe isso com cuidado. Não cometa o erro metafísico de declarar que o álcool não é um poder, embora acreditando que o bem o seja.
Seja sagaz e, reconhecer que não há poder fora de Deus.
Não cometa o erro de temer ou venerar qualquer criatura, quer em forma física -material, quer em forma de pensamento. Não a tema nem a glorifique.
Glorifique o Criador de todas as formas; e, quando o fizer, você não terá o poder do bem ou do mal, mas terá apenas o poder de Deus. E, por um breve instante, estará de volta ao Éden, onde não há nenhum problema, onde não há nenhuma força ou poder agindo sobre você, positiva ou negativamente; onde está apenas suspenso numa atmosfera de paz.
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