O mundo nunca poderá ir além da ideia de usar um poder para superar outro e penetrar no reino do não-poder enquanto não for solucionado o mistério do Gênesis.
Neste primeiro livro da Bíblia encontramos dois depoimentos sobre a Criação que são completamente conflitantes e contraditórios: o primeiro capítulo é obviamente o trabalho de um místico que atingiu a completa união com Deus e percebeu que o Universo inteiro é tão-somente pura consciência que se manifesta como forma, ao passo que o capitulo seguinte nos relata uma criação da mente.
O Primeiro relato da Criação é a revelação da atividade da consciência em toda a sua pureza e eternidade.
Mostra-nos o desenvolvimento de um Universo espiritual, onde há luz antes que existam Sol e Lua, onde as colheitas estão no solo antes de as sementes serem plantadas e onde está o homem antes da mulher.
Mostra-nos o desenvolvimento de um Universo espiritual, onde há luz antes que existam Sol e Lua, onde as colheitas estão no solo antes de as sementes serem plantadas e onde está o homem antes da mulher.
O que é formado da consciência nunca nasceu: é apenas uma emanação da consciência, que nunca teve início e nunca terá fim, pois, enquanto houver Consciência, haverá causa para a forma.
Quando a Consciência se mostra como forma, pode parecer como semente ou como árvores adulta, sem nunca ter passado pelo processo de crescimento.
A Consciência, ou Alma a quem chamamos Deus, revela e expressa a si mesma como um Universo espiritual, sem concepção nem nascimento.
Em outras palavras, a Criação é a Imaculada Concepção de Deus, revelando a si própria como identidade, expressa em forma humana, animal, vegetal ou mineral; assim, de fato Deus ou Consciência é a única essência e substância da Terra, mesmo do que se mostra como pedra ou areia, assim como é a substância da nossa verdadeira individualidade.
No Gênesis aprendemos que Deus criou Adão e Eva e os colocou no Jardim do Éden, em meio a perfeição e harmonia, rodeados apenas de bondade, amor e beleza.
Felicidade e harmonia reinaram até que sobreveio algo que as destruiu, e expulsou Adão do Jardim. Esse algo sempre ficou mais ou menos enigmático, para se desfazer o mistério por completo no segundo e terceiro capítulos do Gênesis.
No Jardim do Éden, Adão e Eva estavam nus, mas não tinham ciência da nudez; tinham corpos, mas, por terem mente pura, não havia neles o pudor – os corpos eram apenas coisas normais e naturais, e por que pois ter vergonha deles?
O que lemos a seguir é que Adão e Eva ficaram envergonhados por terem percebido sua nudez.
De repente, a crença no mal invadiu suas mentes, e eles começaram a se cobrir e esconder. O que eles estavam encobrindo, e do que estavam se escondendo a não ser da crença no mal nas suas mentes?
E Deus disse a Adão: “Quem te disse que estavas nu?” Nessa pergunta está resumida toda a essência da vida humana.
Se nós acreditarmos que somos seres carnais estamos na mesma condição em que se encontrou Adão.
Enquanto conservarmos a crença do bem e do mal, seremos o Adão a se esconder, o Adão que está fora do Éden, e por essa razão estaremos todos a encobrir nossa nudez.
Todos nós nos escondemos, de alguém ou de nós mesmos, ou estamos escondendo algo de nós próprios, pelo medo que isso venha à luz. Por quê?
Porque enquanto identificados como seres carnais habitamos o reino dualista do bem e do mal.
Quem nos disse que isto é bom e aquilo é mau?
Quem nos disse que é mais moral cobrir o corpo do que expô-lo?
Quem nos disse que é mais moral cobrir o corpo do que expô-lo?
Quem disse que há pecado?
Quem criou tal condição?
Para todas essas perguntas, Deus, na essência, quer dizer que Ele não o fez.
Ele nunca disse que houvesse algo de errado quanto a um corpo nu, ou que houvesse algo errado sobre a face da Terra.
O pecado que se arrastou para dentro do Éden não foi uma maçã nem o sexo, embora as religiões tradicionais assim o identifiquem.
O pecado foi a aceitação de dois poderes; e, quando o homem começou a comer da árvore do reconhecimento do bem e do mal, tomou sobre si o dualismo universal, e assim não pôde mais se dizer tão puro que não visse a iniquidade, pois agora já vira e conhecera o bem e o mal.
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