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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

DORAVANTE NÃO RECONHECEREMOS O HOMEM PELA CARNE










Para curar é necessário transcender o pensamento. Embora a meditação comece com a contemplação da verdade, deve, antes de se cumprir a cura, subir ao mais alto do reino da consciência silenciosa. 

No começo de uma meditação de cura, uma passagem da verdade como “doravante não reconheceremos o homem pela carne” pode estar no pensamento. 


Após se repetir diversas vezes, ou após nós a repetirmos conscientemente, o pensamento se esvai, na medida em que perdemos o significado da frase; doravante não reconheceremos o homem pela boa ou pela má carne, não o reconheceremos como doente ou sadio, rico ou pobre; doravante reconheceremos só Deus, sob as aparências de indivíduo humano espiritual. 


Este é o segredo do Caminho Infinito, e este é o segredo da cura: “Doravante não reconheceremos o homem pela carne”, nem mesmo pela carne saudável. Doravante não reconheceremos o homem pela sua riqueza – pequena ou grande: reconheceremos apenas Deus como Pai e Deus como Filho, o Cristo, à imagem e semelhança de Deus.

Doravante reconheceremos apenas Deus como constituinte do homem; a substância, a vida, a alma do homem, a saúde, a riqueza e o lugar de morada do homem. Doravante reconheceremos só a Deus, e não ao homem.

Percebemos agora que o homem não é carne, mas consciência, tendo só qualidades espirituais. Discernimos que aí está o Princípio criativo que produz sua própria imagem e semelhança, e que esse Princípio criativo é também o princípio de sustentação da vida. E assim a sua criação deve necessariamente ser da sua própria essência – Vida, Amor, Espírito, Alma. Tal é a verdadeira natureza do homem.

“Doravante não reconheceremos o homem pela carne.” E como, pois, o reconheceremos? 

Como um filho de Deus, sua verdadeira identidade. 

À medida que conhecemos a nós mesmos e a todos os demais, como sendo de descendência espiritual, nunca olhamos para o corpo, mas diretamente para os olhos, até poder ver por trás deles, além do homem mortal, além do homem jovem ou velho, doente ou sadio, onde está entronizado o Cristo

O homem visível, quer doente, quer sadio, não é o homem – Cristo, o Eu espiritual daquele homem, não está sujeito às leis da carne, nem mesmo da carne harmoniosa, mas está sujeito apenas ao Cristo.

Logo que alguém chega do fundo de tais cogitações ou contemplações, senta-se num estado de quietude e de pacífica receptividade, no qual nenhum pensamento se introduz. Nesse estado de consciência, O Cristo curador se manifesta, inundando a consciência de paz e tranquilidade. É uma “paz”, um “estar quieto” espirituais, e disso emana a Graça curadora que nos envolve e aos nossos pacientes; e então a harmonia se torna algo aparente, uma experiência tangível. 

Em nossa meditação podemos começar tendo na mente uma pessoa doente, ou pecadora, ou pobre, mas não podemos nos levantar até que, por intermédio da realização, tenhamos atingido o lugar onde não há homem doente ou sadio, rico ou pobre, puro ou pecador; não há pessoa doente para ser curada ou pessoa saudável de quem nos regozijamos: há somente Deus – só Deus na aparência de Pai e Deus na aparência de Filho. Estará então completa a nossa prece, e com ela virá a convicção: “É isso”. 

Enquanto conhecermos a verdade – pensando, falando, declarando a verdade – estaremos no reino mental. De fato, podemos estar pensando nas coisas do espírito, mas estamos pensando com a mente e, provavelmente, não ocorrerá nenhuma cura. Se ocorrer alguma cura, em alguns casos, ocorrerá pela argumentação mental e não será uma cura espiritual e sim mental, pelo efeito da sugestão, um frutificar daquela prática que nos diz “você está bem” ou “você é perfeito” ou “Deus fará isso em você”; e a mente aceita a sugestão e a ela responde. O que não é uma cura espiritual, pois o paciente meramente aceita a sugestão de outra mente.

No Caminho Infinito, não fazemos sugestões; nunca usamos a palavra tu (ou você) num tratamento; nunca usamos o nome do paciente e nem mencionamos o nome da doença, da queixa ou da condição em tratamento, e nem deixamos a pessoa introduzir-se em nosso pensamento depois de ela ter pedido ajuda. Não dividimos aquilo que é UNO - a TOTALIDADE.

Quando estamos em contemplação, não focalizamos o paciente, e sim Deus e as coisas de Deus que conhecemos, ou as leis de Deus que compreendemos ou de que tenhamos lido e tentamos agora realizar.  

Nós não esperamos a cura por qualquer coisas dessas, porque não podemos trazer à luz o filho de Deus do segundo capítulo do Gênesis, de onde só sai Adão, o homem de carne. 

O único modo pelo qual esse homem de carne pode ser devolvido para o Éden é a sua harmonia espiritual normal, não pensando a respeito dela, mas entrando naquele estado de silêncio que não reconhece o bem e o mal. 

Quando não temos desejos, não temos mais desejos do bem que do mal, e somos então puros o bastante para estar no Jardim do Éden, que é sem desejos. Não é um estado de desejar o bem, mas de puro contentamento com o ser, e apenas um estado de Contemplação da Perfeição Divina Onipresente.



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