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quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

PRÍNCIPE DA PAZ - 3


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  A DIGNIDADE E SACRALIDADE DO INDIVÍDUO
 
O significado acerca do Cristo nos escapará, se não compreendermos que o Cristo sanador jamais foi crucificado, ou encerrado num túmulo. O Cristo sanador é o “Príncipe da Paz”, que mora em nosso íntimo: o Filho de Deus que foi entronizado em nós qual uma semente, desde o princípio.
 
Através de nossas meditações, da contemplação e comunhão interna com essa divina Centelha, fazemos ressurgir esse Filho de Deus, em nós. Esta comunhão faz manifestar tudo o que o Filho de Deus é em nosso universo.
 
É um milagre da graça que, “onde dois ou mais estejam reunidos, em nome dEle, lá Se manifeste o reino de Deus, neles e entre eles”.
 
É um milagre da graça que, um com Deus, seja a maioria. Cada vida singular é um milagre da graça de Deus; cada indivíduo é um descendente do Altíssimo. 
Se fôssemos simplesmente essa forma que vemos no espelho refletida, qual seria a razão de nossa existência na Terra?
 
Se observamos o modo de proceder de certas pessoas, meramente como seres humanos, perguntaríamos porque elas são toleradas neste mundo. Só quando começamos a compreender a natureza d'Aquele que está latente em cada indivíduo, à espera de ser conscientizado e soerguido, para nossa redenção e missão, como Filhos de Deus na Terra – só então entendemos que viemos a este mundo para demonstrar toda a glória de Deus.
 
Este é o verdadeiro Natal, isto é, o Cristo corporificado, o Verbo feito carne.
 
“Pois eu desci dos céus, não para fazer a minha própria vontade, mas a vontade d'Aquele que me enviou”.
 
Esclarece Jesus que, em virtude da natureza universal de Deus, é tarefa, minha e sua, viver de tal modo que a vontade de Deus se faça em e através de nós — e não a vontade pessoal, minha e sua. Nossas vidas devem ser consagradas a Deus, em obediência a esse princípio.
 
Qualquer indivíduo que seja capaz de não se identificar com suas solicitações humanas e tome consciência de que “estou aqui para que a vontade de Deus Se cumpra”, para dar saída ao “Fulgor aprisionado” em mim; estou aqui para ser um canal consciente, amoroso e desinteressado ao Cristo interno, em benefício de todos os que ainda se encontram em escuridão”, em tal indivíduo o Cristo vive e age.
 
Napoleão disse que todo soldado leva na mochila um bastão de marechal, uma outra forma de reconhecer as imensas e imprevisíveis possibilidades de cada indivíduo.
 
É uma expressão paralela ao ensinamento cristão, segundo o qual, todo indivíduo, mercê da divina Semente nele plantada, pode exprimir a autoridade e dignidade de um Ser espiritual autêntico.
 
A humanidade teve a fortuna de contar com grandes instrutores, que alcançaram a realização do Espírito interno e a visão de Sua vontade: Moisés, Elias, Eliseu, Jesus, João, Paulo, Buda. Todos esses homens ensinaram essencialmente a mesma coisa. Mas foram simples cicerones, revelando o que haviam alcançado e o que o homem pode alcançar. Foram suficientemente humildes para reconhecer que se eles não se fossem, o Consolador não nos poderia vir, pelo emergir da Consciência espiritual interna.
 
Percebamos, também, que a revelação dos Mestres espirituais, em todos os tempos, foi a de um princípio universal, que devemos internamente demonstrar como revelação crística.
 
Caso contrário, como poderia o reino de Deus implantar-Se na Terra, se não fosse plantado e desabrochado em Cristicidade, em cada indivíduo?
 
A não ser por esse potencial divino que reclama expansão, poderiam os povos deste mundo melhorar? poderiam as pessoas transformar-se, de boas em más? de ignorantes em sábias?
 
Haveria algum poder para tirar a raça humana do que sempre foi: de um estado selvagem, brutal, de servidão e carência, de ignorância em massa?
 
Poderia o mundo transformar-se, a não ser pela vontade divina que vagamente apreendemos como vontade nossa, de buscar a realização do Natal, a natureza da verdade?
 
Isto se deve à Semente de Deus, plantada na consciência humana, em mim e em você, e que deve germinar e frutificar, definindo nossa identidade individual.
 
Haveria outro meio de se fazer isso? A educação é, naturalmente, uma valiosa ajuda para a sociedade civilizada, mas, o mero treinamento acadêmico, o simples cultivo intelectual, não podem fundamentar uma consciência moral e integral.
 
Só a realização de nossa natureza espiritual pode fazê-lo. Só o florescimento da natureza Crística pode nos elevar acima das limitações humanas, formando uma sociedade de pessoas inspiradas, com elevado sentido moral e espiritual.
 
Dizer às pessoas que devem ser boas, que deve haver paz na terra, que deve haver retidão nas relações humanas, não basta. Nem os sermões o conseguem. A paz na Terra será realizada apenas por um meio: encontrando-a em nosso próprio íntimo e abrindo caminho para que ela desborde à nossa experiência, abençoando e fazendo de nós mesmos uma bênção.
 
De fato, ao encontrar e experimentar a paz de Deus, atrairemos pequenos grupos afins que acharão, por sua vez, essa paz. Desse modo, ela se irá espalhando, “ad infinitum”.

     LIBERTANDO O “FULGOR APRISIONADO”
 
A paz está encerrada em você e em mim. É preciso libertar o “Príncipe da Paz” de nosso íntimo e deixá-Lo sintonizar-se como todos aqueles que, neste momento, se acham maduros e receptivos para a “experiência do despertar”.
 
Repitamos: não se consegue isto pela tentativa de moralização das pessoas ou de pedir aos outros que sejam melhores do que têm sido. Nada disso. Isto é feito individualmente, pelo mergulho em si e libertação do Príncipe da Paz, que está encerrado dentro de nós. Isto é feito ao comungarmos com o Espírito interno, ao conscientizá-Lo em nós.
 
Desse modo vamos formando uma abertura pela qual Ele emerge e Se liberta, caminhando diante de nós para realizar nossas obras, segundo a perfeita vontade do Pai. Notem bem: não nos cabe ir ao encontro do mundo para salvá-lo, senão ir ao encontro de nós mesmos, de nossa real identidade, para nos fundirmos em nova consciência e deixarmos que Ela se expanda de nós, em realização e ajuda. 
Não há mérito espiritual em milhares de palavras que possamos enunciar; não há valor moral ou espiritual nas centenas de lições que possamos dar. A graça de Deus não pode alcançar as consciências humanas pela moralização. Só a consciência pode atingir a consciência.
 
Retiremo-nos, em nossos lares, em nossos templos, em vales e colinas, para encontrar a paz escondida em nosso interior.
 
Convertamo-nos em faróis através dos quais a graça de Deus possa ser irradiada. Então essa Presença invisível poderá preceder-nos no caminho, aplainando o solo e “preparando mansões” para nós.
 
Os períodos de silêncio e de conscientização da Presença constituem o que de mais precioso podemos oferecer ao mundo. 
Cada vez que vemos uma pessoa e realizamos que esta graça divina está dentro dela, somos-lhe uma bênção silenciosa. Assim, entoamos, sem vozes nem escrito, a paz ao mundo.
 
Olhemos um indivíduo e tomemos consciência de que a graça de Deus está nele também; que ele é um Filho de Deus. Esta é, simplesmente, a prática de libertar o “Fulgor aprisionado”: o reconhecimento do Cristo, no íntimo de nossos amigos; além da mera aparência de um ser humano, andando sobre a Terra. É ver e regar, com esta verdade, a semente divina plantada em seu íntimo.
 
Esta semente continua enterrada dentro de nós e permanecerá como simples semente ou possibilidade, enquanto não a nutrirmos com o alimento espiritual adequado: o reconhecimento constante, repetido, de nossa identidade espiritual. 
Dentro do ser individual está o Filho de Deus, este Eu, que ele é; dentro dele está a divina Presença e o divino Poder – a Graça de Deus. O EU, dentro dele, é o alimento, o brilho do Sol e a chuva fecundante, para esta semente.
 
Depois esta semente começa a brotar. A natureza de nossos amigos, parentes, sócios, companheiros de trabalho, começa a mudar aos nossos próprios olhos, sem que eles mesmos saibam o porquê. É possível que algo se desenvolva neles e encetem uma busca de Deus, de verdade, até que uma mensagem ou um mensageiro lhes revele que não há necessidade de buscar longe, porque o que estão buscando está dentro deles mesmos e o desejo que sentem é o próprio apelo do “Fulgor Aprisionado” para despertar e libertar-se. O que buscam é a divina Realidade neles: o Filho de Deus, o Santo Graal dentro de suas próprias consciências.
 
Toda sacralidade do Filho de Deus está estabelecida no centro de nosso ser – a eternidade, a imortalidade, a natureza infinita da seidade de Deus – porque somos UM com o Pai, e tudo que o Pai tem, já é nosso: a Sua sabedoria,a Sua Mente, a Sua Graça, a Sua Presença, a Sua Substância, o Seu Ser. O próprio alento de nossa vida, pois somos UM e, nesta unidade, encontramos a plenitude e nossa união com toda a humanidade.
 
Somente na unidade com Deus é que nos sintonizamos com a Luz individual em cada ser e nos identificamos com tudo que haja percorrido o globo no passado, no presente e no futuro.
 
O Natal revela-nos que Deus plantou o Seu Filho em nós!
 
                                      F I M
 

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